sexta-feira, 28 de setembro de 2012


CPT de Xinguara acusa fazendeiros de torturar assentados em Santana do Araguaia

Dez homens encapuzados, armados de carabinas, espingardas, revólveres, e supostamente a mando do fazendeiro João Alves Moreira, acompanhados de um genro dele de prenome Élson, promoveram uma sessão de violência contra 27 famílias de agricultores e acampados no projeto de assentamento Colônia Verde Brasileira, fazenda 3 Palmeiras, no município de Santana do Araguaia, sul do Pará.

Depois de espancadas, torturas sob a mira das armas, elas foram expulsas do local. A denúncia é da Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Xinguara, que acusa Moreira de se dizer dono de uma área pertencente à União, destinada ao programa de reforma agrária do governo federal. A entidade informou ao Diário que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) já ingressou com processo contra o fazendeiro para retirá-lo das terras públicas. A ação corre na Justiça Federal de Marabá.

Os pistoleiros obrigaram todas as famílias acampadas, entre homens, mulheres e 18 crianças, inclusive três mulheres com bebês, a deitarem no chão, de bruços, por mais de três horas. Os homens, ficaram debaixo do sol, sem comida ou bebida, sendo espancados e torturados física e psicologicamente. “Os pistoleiros rodeavam as pessoas deitadas, chamando as mulheres de prostitutas, os homens de bandidos, e atiravam perto de suas cabeças, ameaçando-as de morte. Ameaçadas de estupro, mulheres adultas e adolescentes, entraram em pânico”, diz nota da CPT.

O acampado conhecido por “Baiano” foi pisoteado pelos capangas do fazendeiro e chutado na cabeça até desmaiar, vomitando sangue. Eles o obrigaram a gritar “sou bandido”, “sou vagabundo”, enquanto durava a sessão de tortura. Tudo na frente da mulher do agricultor, que chorava, implorando para não matarem o companheiro.

Após três horas de tortura com as famílias, os pistoleiros levaram os acampados em um caminhão gaiola até o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santana do Araguaia, e ali os despejaram com seus mantimentos trazidos do acampamento.
As desavenças entre o fazendeiro e as famílias começaram no segundo semestre de 2010. Em agosto e outubro daquele ano, Moreira, o genro e seu grupo de pistoleiros expulsaram os agricultores à bala, ferindo um acampado. O inquérito que apura o caso ainda não foi concluído.

Em agosto passado, o mesmo fazendeiro foi flagrado com quatro armas de fogo enquanto mantinha dez trabalhadores rurais em condição análoga a de escravos na sua fazenda 03 Palmeiras. Ele foi obrigado a pagar, a título de indenização aos trabalhadores, o valor de R$147.512, 82. Ainda terá que responder perante a Justiça pelo crime cometido.

O sindicato e a CPT cobram das autoridades a conclusão do inquérito e a punição do fazendeiro e seus jagunços, além de agilidade do Incra no assentamento das famílias. O Diário não conseguiu falar com o fazendeiro. A informação em Santana do Araguaia é de que ele reside em área afastada da cidade. (Diário do Pará)

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